quinta-feira, 4 de junho de 2009

O mundo mais violento

Fonte: Jornal Zero Hora, 03 de junho de 2009

O subproduto mais deplorável da crise econômica mundial é o aumento da violência. Esta é uma das conclusões de um estudo elaborado por uma das unidades do grupo que edita a revista The Economist e que elabora o Índice da Paz Global. Com base nos dados de 2008 um ano que viu, primeiro, a crise do preço dos alimentos e dos combustíveis e, depois, o nascimento da maior crise dos últimos 80 anos , o relatório afirma que o enfraquecimento econômico propiciou mais instabilidade política, manifestações violentas e criminalidade, gerando focos de perturbação social e institucional em numerosos países. A crise fez o mundo mais violento, num processo que ainda não se esgotou. Para o relatório, o desemprego em rápida expansão, o congelamento dos salários e a queda no valor dos imóveis, poupanças e pensões está provocando um ressentimento popular em muitos países, com repercussões políticas.

No ranking da paz, o país menos violento passou a ser a Nova Zelândia. No ano anterior, havia sido a Islândia, país agora gravemente afetado pela crise, que recuou para a quarta posição. E os mais violentos são Iraque, Afeganistão e Somália. O Brasil melhorou cinco posições, sendo agora o 85º de uma lista de 144 países, muito próximo dos Estados Unidos, que figuram em 83º. O índice da paz é utilizado por numerosas agências internacionais, entre elas o Banco Mundial, o Instituto de Estudos Estratégicos e vários órgãos da ONU. Importantes personalidades, em especial ganhadores do Prêmio Nobel da Paz, figuram entre as que consideram o índice e o ranking dele decorrente como instrumentos políticos de valor expressivo para a busca de melhores condições sociais globais.

Com base na respeitabilidade que o estudo adquiriu, cresce de importância a conclusão expressa claramente no relatório deste ano: as condições econômicas e a prosperidade têm forte correlação com a paz. “A paz é um importante indicador da prosperidade econômica”, afirma o criador do índice, Steve Killelea. Se, no julgamento de um pequeno grupo social, não se pode concluir que há necessariamente nexos causais entre pobreza e violência, no atacado do comportamento dos povos tal relação é visível – e assustadora. Para adotar conclusões sobre a paz nos países e no mundo, paz entendida como ausência de violência, o índice leva em conta 23 indicadores qualitativos e quantitativos, internos e externos. Entre os indicadores internos, estão dados sobre homicídios, percentagem da população encarcerada, disponibilidade de armas de fogo e o nível da criminalidade organizada. Entre os indicadores externos, incluem-se o tamanho dos arsenais e dos exércitos, a exportação e importação de armas, as vítimas nas guerras e as relações com os vizinhos.

A conclusão de que as crises podem ser incentivos a um ambiente de maior violência deve servir como alerta para que a sociedade e os governos trabalhem no sentido de enfrentar esses efeitos maléficos com propostas e ações capazes de atenuá-los ou até eliminá-los.

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