Essa é a denominação de uma série de formas de expressão e comunicação que criam barreiras e geram conflito nas relações.
1. Dar ordens, dirigir, mandar, impor, exigir.
“Você deve...”, “você tem que...”
“Vá para seu quarto”.
Reação: Tais condutas podem causar susto, medo ou, então, resistência, rebeldia e desafio. Ninguém gosta de receber ordens ou de ser mandado o que gera também ressentimento. Essas condutas podem romper qualquer comunicação posterior de parte do outro ou provocar uma comunicação defensiva ou negativa. Muitas vezes, os indivíduos sentem-se rejeitados quando suas necessidades pessoais são ignoradas, e humilhadas quando tais condutas acontecem diante de outras pessoas.
2. Admoestar, ameaçar.
“Se você não fizer... então...”
“Se você não parar, vai apanhar”.
São condutas de dar ordens, dirigir..., só que a essas acrescenta-se a ameaça de usar o poder.
Reação: Convidam para que seja dada uma prova, ou lança-se um desafio. Podem conseguir fazer com que o outro obedeça, mas será totalmente por medo. Como no caso anterior, podem surgir ressentimentos, coragem, resistência, rebeldia.
3. Lições de moral, sermões, criar obrigações.
“Você teria..., você deveria..., essa é a sua obrigação..., isso é responsabilidade sua...”. “Não se corta a palavra de alguém”.
Condutas semelhantes à de dirigir e dar ordens, só que se insiste na “obrigação” e encerra vaga autoridade externa. Sua intenção é fazer o outro se sentir culpado, preso ou obrigado.
Reação: As pessoas sentem a pressão dessas mensagens e freqüentemente mostram resistência e desentendimentos. Essas mensagens passam a idéia de falta de confiança: “Você não é inteligente o suficiente”, ou então, “Você não é responsável”. Querem impor uma autoridade externa. As pessoas muitas vezes respondem com frases do tipo “quem disse que eu devo...?, ou “por que eu deveria...?”
4. Aconselhar, dar soluções.
“O que eu faria no seu lugar...”
“Por que você não termina de uma vez por todas essa relação?”
“Eu garanto a você que...” “Seria melhor se você...”
Reação: Não é verdade que as pessoas sempre queiram um conselho. O conselho, a advertência, passa a idéia de “superioridade” e podem provocar no outro uma sensação de inadequação e inferioridade. Costuma-se responder à advertência e ao conselho com resistência e rebeldia: “Eu não quero que você diga o que eu tenho que fazer”. Até as crianças muitas vezes mostram ressentimento diante das sugestões dos adultos: “Deixe-me pensar sozinho”. Por outro lado, não seguir o conselho dos adultos pode provocar culpa nas crianças. Se o conselho de outros não parecer sensato, o interessado terá que argumentar contra e dedicar tempo a isto em vez de pensar em encontrar suas próprias soluções. O conselho pode tornar o outro um ser dependente, não promove seu próprio pensamento criativo. O interessado pode, simplesmente, responder com o sentimento de que o outro não entende: “Como você pode sugerir isso; você não sabe como eu estou assustado”. Também pode responder: “quando eu quiser um conselho seu, pedirei”. Se o conselho estiver errado, o outro terá que assumir a responsabilidade ou fugir dela: “Eu segui o seu conselho, mas não era essa minha idéia ou intenção”.
5. Persuadir com lógica, argumentar, dar lições
“Você não percebe...?” “olhe que você está enganado...”,
“O fato é que...”, “Sim, mas você deve entender que...”
“Os livros são feitos para serem lidos, não para serem jogados”.
Reação: Essas condutas provocam defesas e muitas vezes levam a uma contra-argumentação. Também podem provocar sentimentos de inferioridade no outro devido à manifestação de superioridade daquele que argumenta. A persuasão freqüentemente faz com que o outro defenda sua própria posição com maior força e que possa sentir: “Você sempre pensa que está com a razão”. O fato de estar com a lógica do nosso lado nem sempre provoca uma maior obediência ou aceitação dos outros. O sentimento que freqüentemente provoca é: “Ele consegue fazer-me sentir um tolo”:
6. Julgar, criticar, censurar.
“Você é mau”, “como você é frouxo”, “Você está agindo como um louco”.
Reação: Mais do que qualquer outro tipo de mensagem, este deixa a outra pessoa desconfortável, inferior, incompetente, má, tola. Também pode fazê-la sentir-se culpada. Muitas vezes, responde na defensiva; ninguém gosta de estar enganado. Este tipo de avaliação quebra a comunicação: “Se vou ser julgado, não vou dizer o que sinto”. No caso de crianças, pelo tamanho psicológico e a idade dos adultos, os filhos aceitam tais julgamentos como se fossem dogmas: “Eu sou muito mau”. A avaliação dos adultos produz e configura a auto-estima e a auto-imagem para sua vida futura: “eu não sou bonita”. Outra resposta das crianças a estas condutas dos adultos é que elas começam a avaliar os pais.
7. Elogiar, aprovar, avaliar positivamente, Felicitar, Bajular.
“Você é muito bom”, “Você fez um ótimo trabalho”, “Este desenho está muito bom”, “Está aprovado”, “É assim que você deve agir”.
Reação: A avaliação positiva e o elogio nem sempre terão os efeitos que imaginamos. Se avaliarmos sempre positivamente, o outro deduz que também poderá ser avaliado negativamente. Por tanto, a ausência de julgamento positivo numa situação particular poderá ser interpretada como um julgamento negativo: “Você não disse nada sobre o meu trabalho hoje; certamente não gostou”. Também, uma avaliação positiva que não estiver de acordo com a própria avaliação do outro poderá ser ameaçadora para ele, ou percebida como falsa. Muitas vezes, o outro sente os elogios como manipulações: “você está dizendo isso para que eu trabalhe mais”.
Freqüentemente, o elogio impede a comunicação da outra parte: “Vocês não entendem como me sinto”. Além disso, o elogio classifica aqueles que o fazem como “seres superiores”; o direito de avaliar o outro traz implícita a idéia de que “eles sabem o que é bom ou mau”.
8. Ridicularizar, envergonhar, pôr apelidos.
“Você ainda é uma criança”, “idiota”, “o que o senhor mandar”. “você deveria ter vergonha”.
Reação: Essas mensagens têm um efeito devastador: destroem a imagem que o outro tem de si mesmo. Podem fazer com que a pessoa se sinta sem dignidade, má, abandonada ou rejeitada. Uma resposta freqüente a essas mensagens é virar às costas, física ou moralmente a quem as emite. “E você é um resmungão”, “Veja quem fala”
“Vou acabar indo embora”.
9. Interpretar, analisar, diagnosticar.
“O que você precisa é...”, “O que está errado com você é...” ,“Você está tentando chamar a atenção”, “O que você realmente quer dizer é...” ,“Eu sei do que você precisa”, “Seu problema é...”, “você está com ciúmes dessa mulher”.
Reação: Dizer ao outro o que está realmente sentindo, quais são seus verdadeiros motivos ou por que está agindo de uma forma determinada, pode ser muito ameaçador. “Ele sempre pensa que sabe o que estou sentindo”.
Desempenhar o papel de psicanalista dos outros é perigoso e frustrante para eles. Se a análise estiver errada, o outro se fechará. Se estiver correta, vai sentir-se exposto publicamente, nu, preso. A mensagem: “Eu sei o que você precisa” passa a idéia de superioridade, de saber mais do que o outro. As pessoas se tornam ressentidas e coléricas quando outro interpreta seus motivos e seus pensamentos. As interpretações freiam a comunicação, já que desanimam o outro a falar mais sobre si mesmo.
10. Consolar, amparar, animar, tranqüilizar, mostrar-se solidário.
“Vamos, isso não é tão ruim...”, não se preocupe, você vai sentir-se melhor”, “seu problema vai acabar se resolvendo sozinho”, “não foi nada, vai passar.”
Reação: Paradoxalmente, também estas mensagens podem ter efeitos negativos. Reforçar o outro pode fazer com que ele se sinta incompreendido: “Sim, para você é fácil dizer isso, mas você sabe como eu tenho medo”. As mensagens de amparo e apoio podem também dizer ao outro: “Não quero você fraco ou inadequado. Eu não consigo aceitar esses sentimentos” Se as coisas não mudam favoravelmente para a pessoa, ela poderá sentir-se ressentida em relação às tentativas do outro de alentá-la e perceber isso como uma maneira de enganá-la. Dizer a uma moça que se sente pouco atraente para os rapazes que ela é muito bonita, poderá provocar fortes sentimentos de hostilidade; inclusive poderá fazê-la perder a confiança no outro: “Você está dizendo isso somente para que eu me sinta melhor, mas não está sendo sincero”.
11. Perguntar, questionar, sondar
“Por que...?”, “Quem?”, “Onde”, “Como?”, “por que você fez uma coisa dessas?.”
Reação: A resposta das pessoas diante de questionamentos é, geralmente, ficar na defensiva ou “no banco dos réus”. Muitas perguntas são ameaçadoras porque a pessoa não sabe o motivo de todas aquelas indagações. “Onde você está me levando?” Sente que o interrogador é um indiscreto, um “metido”. Perguntar pode comunicar falta de confiança, suspeita ou dúvida sobre a habilidade do outro: “Você não precisa perguntar se eu sei como deve ser feito, já fiz isso antes”. Algumas perguntas do tipo sondagem fazem que a pessoa sinta que está sendo pressionada para que possam tirar alguma conclusão contra ela. Quando alguém faz perguntas, pode dar a impressão de estar acumulando informações para poder resolver o problema sozinho: “Se eu disser aos meus chefes o que eles perguntam, então terei que escutar suas respostas”. As perguntas restringem drasticamente a quantidade de informação que os outros poderiam dar se somente fossem estimulados a falar espontaneamente.
12. Distrair, desviar, fazer piadas.
“Não falemos disso na mesa”, “isso me faz lembrar...”, “por que você não põe fogo no escritório?”, “Acordou com o pé esquerdo?”.
Reação: Essas mensagens podem comunicar ao outro que não se está interessado nele, que seus sentimentos não são respeitados. Em geral, somos muito sérios quando precisamos falar de algo pessoal. Quando a resposta é em tom de brincadeira pode machucar ou provocar um sentimento de rejeição. Distrair o próximo de seus sentimentos pode parecer oportuno no momento, mas os sentimentos não desaparecem. Muitas vezes, eles ressurgem mais tarde. Os problemas deixados de lado raramente são problemas resolvidos. As pessoas querem ser ouvidas e compreendidas com respeito. Se as deixarmos de lado, aprenderão logo a levar para outro lugar seus problemas importantes e a guardar seus sentimentos.
13. Fingir, mudar de assunto, tratar levianamente.
“Olha que lindo dia!”
Jeferson...
ResponderExcluirParabéns pela dedicação em continuar a nos ensinar a dialogar...
Há muito, reenvio o "ABC do Girafês" p amigos.
Conhecer a técnica da "Comunicação Não Violenta", enriqueceu muito a minha relação com as pessoas. Agradeço a ti e todos que fazem algo para que possamos buscar um melhor entendimento para nossas relações, pedidos, sentimentos, no objetivo de atender nossas necessidades não atendidas e de outrem...abraços édina
preciso adiquirir MUITO IMPORTANTE
ResponderExcluireste livro onde?
jose_lapa2@hotmail.com
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